domingo, 1 de abril de 2018

uma vida iluminada. iluminada?


É possível uma pessoa depressiva ter uma vida iluminada?

Quando escolhi o nome deste blog eu o fiz por conta do filme – sim, o filme, eu não li o livro – com o Elijah Wood, de 2005. Um filme muito bonito e singelo, com umas pitadas de humor e excelente trilha sonora. Por causa dele um dos meus melhores amigos foi apelidado de Jonfen.

De qualquer forma, dias ensolarados não são os meus prediletos. Confesso que gosto de dias nublados e chuvosos. Frios e ensolarados são os piores para mim. Os que me deixam mais melancólica. Não sei o motivo, mas sei que sempre foi assim. Desde pequena. Ah, e odeio pôr do sol.
Atualmente trabalho à noite na biblioteca da faculdade para ganhar bolsa e o horário que entro é bem a hora do pôr do sol. As pessoas sempre comentam. Eu apenas concordo que sim, é bonito, mesmo. Eu sei que é bonito, mas não gosto. É um horário ruim para mim.

Enfim, além da depressão eu tenho um transtorno alimentar. E os médicos parecem ter mais pressa que eu em resolver isso. Acredito pelo fato de eu ter o transtorno errado. É, se você estiver à toa, um dia e resolver ter um transtorno alimentar (porque aparentemente é assim que acontece, tá), nunca escolha a compulsão. Compulsão é o pior de todos. Poxa, mas por quê?

Porque você tem mais chances de engordar. E engordar é a pior coisa do mundo atualmente, você sabe. Você vai ao psiquiatra e ele te oferece um medicamento blá que vai promover emagrecimento pois, nas palavras dele, “é melhor chorar num rolls royce (ou qualquer outro carro bacana foda-se) do que num ônibus”. Aí você, já exausta dessa conversa, pergunta: “quer dizer então que meu corpo é um ônibus?”.

Resumindo, você tava melhorando, você piora – não imagino o porquê. Aí você vai pra outro psiquiatra. Aí ele fica perguntando do seu IMC. Se você é pré-diabética. Se você já pensou em fazer bariátrica. E você tá mal. Você aguenta as perguntas. Pagou muito caro para estar ali. Você já frequenta psiquiatras há 16 fucking anos. Você já está pensando que, se morresse, não precisaria mais tomar remédio, se tratar, emagrecer, nada. Você estaria livre dessa peregrinação ingrata que já dura o tempo de uma vida.

Mas como sempre diz minha mãe, citando Jurassic Park: “A vida encontra um caminho”. E essa semana eu vou procurar um novo médico. Médica, na verdade. E pau no cu dos outros psiquiatras.

sábado, 17 de dezembro de 2016

lá e de volta outra vez

Como já havia comentado aqui, estou cursando Psicologia. E foi mais ou menos assim que aconteceu:

Nos idos de novembro do ano passado eu estava fazendo terapia com um psicólogo. Como sempre, mais uma tentativa de tratar meu transtorno alimentar. A terapia em si não deu muito certo, na verdade, nem um pouco certo. Mas em uma das sessões conversamos sobre formação acadêmica. Ele me contou de um sonho que ele tinha quando cursava Economia lá em Caracas (ele era venezuelano e trabalhava com hipnose “bem dormido, bem dormido...”) e que só parou quando ele decidiu trocar o curso e estudar Psicologia. Porque era disso que ele gostava, na verdade.

Eu me identifiquei pelo fato de não ser feliz no Direito. Eu realmente não sei por que optei por estudar o Direito. Eu sempre achei que era isso que eu queria. Aos 11 anos dizia que queria ser Promotora de Justiça – risos + sinal da cruz.
E talvez por estudar sempre em escola de classe média, achava que minhas opções eram Direito ou Medicina. Meus pais nunca me forçaram a escolher determinado curso, eu apenas não cogitei fazer outro.
E Direito foi aquela coisa, né. Como um relacionamento abusivo, eu acreditava que o curso ia mudar, uma hora ia chegar uma matéria que eu gostasse ou eu ia tomar gosto pela coisa ou que era assim mesmo, fazer o quê, não é possível ter tudo nesta vida.

Tudo era muito difícil e pesaroso. Meus pais diziam que, se eu me dedicasse, seria uma ótima advogada ou qualquer coisa que o valha. Mas eu não queria me dedicar e achava que era preguiça, falta de força de vontade. Terminar a faculdade (depois de 7 anos) foi um parto. Uma conquista, mas um parto. E claro que quando você termina a faculdade de Direito você é... nada, né. Aí tivemos a OAB. Reprovei. Fiz de novo até passar. Passei. Virei Professora Assistente num curso preparatório e pude ajudar alguns alunos que também passaram pela mesma dificuldade que eu.

Mas tudo sempre muito pesado, muito difícil, muito nervosismo envolvido nisso tudo. Mas eu fui dando um jeito. Eu fui dando conta.

Até que eu percebi que eu não precisava. Ao conversar com o Psicólogo, eu disse que me interessava, na verdade, por Psicologia e que ainda quando cursava Direito eu me interessei por esta área. Mas eu me considerava velha para recomeçar, até por serem áreas bem diferentes.

No entanto, ele disse que uma segunda graduação é bem diferente da primeira. Que temos mais maturidade e levamos de outro jeito. E eu fiquei pensando naquilo durante minha volta para casa e, chegando lá, conversei com meus pais. Falei que estava muito infeliz no Direito e que só de pensar em investir mais de mim nesta área já me deixava desanimada.

Então disseram para eu ver se tinha Psicologia na Universidade Municipal de São Caetano do Sul – USCS (já que se eu fosse estudar pra uma pública eu teria que tirar um ano só pra isso etc.). Entrei no site da USCS e as inscrições para o vestibular estavam abertas. Me inscrevi.

No dia 13 de dezembro de 2015, meu pai trouxe pastel da feira para almoçarmos e depois fomos ao campus ali perto de casa. Eu, ele e a cachorra. Fiz a prova, com tranquilidade mas também com certa expectativa.

No dia 15, recebi o e-mail com o resultado:

1° lugar? Rapaaaaz...
O curioso é que no vestibular para Direito, eu passei em último lugar, em 6ª chamada. A raspa do tacho.
Dessa vez, passei em primeiro e ainda acabei ganhando bolsa de 50% de desconto nas mensalidades do 1° semestre inteiro. Parece que o jogo virou, não é mesmo?

De último a primeiro lugar. E vou te dizer que, apesar dos trocentos trabalhos em grupo que temos que fazer todo santo semestre, estou gostando e meu desempenho é muito melhor do que no Direito. Tem esforço, é cansativo, mas tudo sempre permeado pela certeza de estar fazendo o curso que eu quero e gosto.

Ciente e grata pela oportunidade que estou tendo de recomeçar, espero que, por meio da minha nova profissão, possa ajudar àqueles que não a tiveram ao longo da vida.

terça-feira, 1 de março de 2016

Eu, gorda

Então eu voltei à faculdade este ano. Eventualmente escreverei sobre isso também. Mas aqui eu mando um abraço ao perfeccionismo e resolvo não ligar para a ordem dos fatores e simplesmente compartilho algo que há pelo menos 25 anos define a minha vida: meu peso.

O importante é parecer feliz nas fotos
Na verdade não meu peso exatamente, pois eu nem sei quanto estou pesando. Mas como a minha relação com a comida sempre esteve longe de ser harmoniosa.

O que a faculdade tem a ver com isso? Temos uma disciplina chamada "Autoconhecimento e Desenvolvimento Interpessoal" e, em determinada aula, o Professor pediu que escrevêssemos sobre nós ou sobre autoconhecimento, porém em versos. Eu não costumo escrever em versos, acredito que essa tenha sido minha primeira vez.

E o que saiu, foi isto:

Toma esse veneno,
Disse sua mãe enquanto lhe dava brigadeiro.
Nossa, que linda!
Não engordou depois de todos esses dias!

Todo dia um controle externo
Sobre o seu corpo era feito.
Não é bonito para uma moça comer mais que um rapaz.
Tem que ser pequena, delicada.

“Ela é grossa, é emburrada!”.
Sempre as melhores qualidades ressaltadas.
Não tinha sossego nas férias nem nas festinhas.
“Soube que você caiu de boca na comida”

Aos 11 anos sua primeira dieta.
Aos 13 anos começou academia.
“Vamos ver se dessa vez dá certo.”
Nunca dava.

Quando ficou doente e ficou internada
“Ao menos se eu fosse magra...” é o que pensava.

Temiam que ela fosse piada entre os outros.
Mas ela já o era dentro de casa.
O assunto da família, todos os dias do ano.
Seu peso viajava o Brasil.
Anunciavam que havia emagrecido
“Tá tão linda...”

Mas diziam que era com sua saúde que se preocupavam.
Que saúde é essa que quando está magra é bonita e não saudável?
Vai entender... ela nunca entendeu, apenas sofreu.
Hoje pedem desculpas, hoje admitem “não deu certo”.
Agora cabe a ela, mais uma vez sozinha, se encontrar.
Encontrar o amor próprio que nunca foi encorajado
No seio de sua família.

“Mas você é tão linda!”
Pode até ser verdade e ela pode até saber. Mas não é como se sente.
Todo dia a mesma luta, a mesma dúvida:
Será que um dia vai gostar de si como é?

Mas não foi por mal, vão dizer.
Nunca é.
E também não é por mal que hoje tudo isso pode ser expresso
Por meio deste verso.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

pensa que vai

Passa o dia prestando atenção nas coisas, vai que uma é interessante o suficiente e sirva de pretexto para puxar assunto.

Sabe que pra puxar assunto não precisa muito. Um "E aí, como vai?" é o suficiente.

Difícil é manter a conversa fluindo.

Quando percebe, parece um programa de pergunta e resposta. Um lado pergunta, o outro só responde.

Acho que os sintomas são bem claros, né.

Não há interesse. Desista.

Pensa nisso, desiste.

"Chega, cansei, não vou mais perder tempo."

Quando vê, tá lá novamente.

Mas como é teimoso!

sexta-feira, 6 de março de 2015

you are an idiot :)

Às vezes eu tenho a impressão de que, não importa o que eu faça, nunca conseguirei transpor a forte sensação de ser uma completa idiota.