quinta-feira, 6 de outubro de 2011

diana - parte I

Diana pensava numa forma de falar com ele sem deixar transparecer seus sentimentos. Porque quando se gosta de alguém, pensou ela, o menor movimento pode entregar sua intenção. Como se fosse muito ruim ter seus sentimentos descobertos, como que estivesse nua diante de todos, uma coisa assim, desprotegida. Não entendia muito bem a razão de ser disso, apenas sentia.


Dessa forma, deveria agir normalmente, com a maior naturalidade possível quando fosse chamá-lo para almoçar com ela ou falar sobre qualquer outro assunto. Ela deveria transparecer amizade e amizade, apenas. Afinal, eles nem combinavam, ela já havia pensado nisso tudo, mas não conseguia evitar aquele sentimento. O coração acelerando quando o via, quando se aproximavam, tudo a deixava desconsertada. Não havia cabelo suficiente para colocar atrás das orelhas num movimento de puro nervosismo.


"Você vai ensebar todo seu cabelo se não parar de passar a mão nele o tempo todo."
Era Rogéria, a amiga de Diana.
"Eu com cabelo ensebado ainda me saio melhor que você, Roger."
"Justo. E não me chame de Roger. Eu deveria ter pedido pra mudar meu nome enquanto ainda havia tempo. Mas também, quem iria adivinhar que ter o nome Rogéria daria tanto motivo pra chacota... pra bulem.
"Bullying. E qualquer pai adivinharia isso. Além do seu 1.80m de altura, né, Roger."
"1.78. Mas é verdade. Quem diria que eu teria vocação pra travesti, tanto no nome quanto na altura. Mas pelo menos não estou ensebando meu cabelo por causa de um cara que só me vê como amiga."
"Acho que isso nos torna duas losers, né?"
"Fale por você. Mas quem nunca, não é mesmo? Minha vantagem é que minha altura funciona como um filtro para homens. Só olho para os altos. Já você tem uma margem muito grande de oscilação. Sem contar sua falta de critério."
"Eu sou criteriosa, nem venha!"
"Ô. Lembra daquele que usava sandália com meia?"
"Tou tentando esquecer até hoje. O que eu via nele?"
"Não sei. Ninguém sabe. Nem ele saberia explicar. Mas viu, estou indo pra casa. Vai almoçar lá hoje?"
"Vou. Mas posso falar com ele, rapidinho, antes?"
"Você tem três minutos."

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

ah, o colégio! II

coloca assim: foi Dom Pedro I quem pro-cla-mou...
Nessa história eu tinha 11 anos de idade, estava na quinta série. Era a semana da pátria, a semana do 7 de setembro. Dessa vez o colégio teve a grande ideia de fazer uma gincana competitiva entre as quintas séries com o tema da independência do Brasil. Desconsiderando o fato de a história da independência ser questionável, se D. Pedro I estava em cima de um cavalo ou com dor de barriga quando disse Independência e/ou Morte, essa é uma época em que os professores querem passar a importância do acontecimento para os alunos e tudo o mais.

Sendo assim, era preciso que um dos alunos da sala coordenasse os outros durante a gincana. Nisso, uns 5 alunos se levantaram para concorrer ao cargo de "chefe". Eu fiquei sentada, claro. Dor de cabeça pra quê? Então a professora: "Vai, Ana! Levanta, vai, vai!" Aí eu, com aquela cara de me fazendo de difícil, fiquei em pé. Automaticamente todo mundo sentou, menos uma menina, a Janaína. Então as amigas dela votaram nela e o resto da turma votou em mim.

Confesso que com 11 anos eu era um pouco temperamental e logo vi que coordenar aquilo não seria fácil. Fiquei um bom tempo preparando umas colagens e então outras gurias pegaram e colaram totalmente fora de ordem, o que me deixou extremamente irritada. Lembro-me de ter dado uma bronca nelas, porque não havia tempo e logo as professoras iam passar pelas salas, com aquela cara de paisagem, avaliando nossos trabalhos.

Eu já criticaria toda a gincana, mas teve um fato tão pior que vou ater-me a ele: uma das tarefas era fazer uma música. Isso mesmo. Piazada de 11 anos fazendo uma música sobre a Independência do Brasil. E eu tinha que supervisionar o nosso vexame. Uns meninos apareceram com um rap que falava do Dia do Fico, inclusive. E eu não entendi uma palavra do que eles disseram. Nisso veio outro com a música do bate forte o tambor, eu quero tique tique tique tique tá, a qual foi escolhida. Não ficou bom, mas era o que tinha.

No dia da apresentação, vimos as outras turmas se apresentando. Obviamente teve a turma do rap, em que ninguém entendia o que os meninos falavam, a não ser o refrão, que dizia Independência ou Morte, mas também tinha coreografia, com as meninas vestidas como no filme Mudança de Hábito 2, garotas rebeldes com cara super séria, porque o esquema era sério, muito sério, era um rap sobre a independência, yo!

Outra turma foi só de garotas, que utilizaram a música Garota Nacional, do Skank, cujo refrão ficou assim: "Portugal-gal-gal, Portugal-gal-gal-gal, é o nosso tchau! (2x) Eeeeee-e-e-e-eu quero ter muita sorte! Pra conhecer o rio... o rio da independência ou morte!" 

Mas claro, chegou a vez da nossa apresentação. Lembro-me da Janaína, que estava usando uma jardineira e havia pintado o rosto de verde e amarelo, dizendo ser a mascote. O menino do teclado estava pronto e logo começaram.

O refrão era algo como "Eu quero, eu quero, eu quero, eu quero libertar!" E o menino do teclado selecionou o som de órgão e ficou tocando apenas os acordes, quando um menino de outra turma, que estava perto de mim, observou que aquilo parecia música de funeral. Era a minha equipe, mas não pude segurar a crise de riso depois deste comentário.

E lá estava a Janaína falando com os jurados para pedir desculpas pela apresentação. Segundo ela, foi o que garantiu nossa nota 8. Eu fiz a única coisa que poderia fazer: dar risada. E estou rindo até hoje.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

lady at the bus stop

a good place to meet strangers
Um título desses pode nos remeter, mentalmente, à alguma senhora simpática e delicada, talvez singela, que eu tenha conhecido no ponto de ônibus e que, de alguma forma, me cativou a ponto de escrever um texto sobre ela. Não nesse caso.

Eu já havia dito aqui que não devemos falar com estranhos unless they're hot a menos que eles falem conosco

Com o tempo eu revi essa "regra" e decidi ser mais desencanada em relação a isso, afinal, qual o problema? É só um estranho. Provavelmente não o verá novamente, comentarão algo sobre o clima e ficará por isso mesmo. E enquanto eu escrevia isso aqui, eu percebi que na verdade eu não revisei essa regra droga nenhuma, porque eu não saio por aí falando com estranhos a menos que eles realmente falem comigo. E, quando falo com eles, é porque preciso de alguma informação, mesmo.

Em todo caso, não me importo muito ou sempre que um estranho me aborda na rua. Façam aqui vocês as suas ressalvas (se estou na tpm, se estou com pressa, se estou triste, se tenho TOC, se tenho medo etc.) porque eu não darei conta de abranger todos motivos pelos quais alguém não gosta de ser abordado por desconhecidos na rua.

Mas enfim, essa senhora merece destaque tanto pelo desprendimento dela em falar com estranhos quanto à capacidade de tratar de diversos assuntos desconexos em pouco tempo, além da presunção de intimidade, como segue:

- Ow, psiu! Tenho um neto lindo igual esse menino aqui (indicando o rapaz que estava sentado ao seu lado)! É sim! Meu neto é bonito que nem ele! Vou te apresentar pro meu neto, pra você namorar com ele! Eu tenho três namorado! Um pra de manhã, um pra de tarde e um pra de noite! Hé-hé!
- Eu tava no médico, tenho muita queimação, gastrite, sabe? Você tem queimação, dor no estômago? Eu tenho! Mas consegui 100 comprimido de graça! Olha que bom!
- Mas nossa, como você é linda! Moça, você é muito bonita! Tinha que se candidatar a miss!  Tinha só que ganhar mais altura e perder um pouco peso, que tava ótimo! E aprender 10 línguas! Eu sei falar italiano, inglês, francês, sei falar filha da puta em árabe! É, eu sei! Filha da puta em árabe! Hé-hé!

[demonstrou seu conhecimento nos idiomas...]

- Mas sério, você é muito bonita, tem traços muito bonitos, não tem (perguntando pras pessoas do lado)?

[chega uma mulher com uma criança e senta do lado dela, que abre espaço]

- Você não quis sentar, né, fia? Pode sentar no meu colo! Como se fosse minha filha! Não tem problema! Não qué? Os correios tão em greve! Dia 20 os bancos vão tudo entrar em greve! Ih, a coisa só vai piorar! Com a COPA, então, aí só vai dá problema!

Ela só parou de falar comigo quando entramos no ônibus, e logo foi dizendo ao motorista:


- Sonhei com você! Eu tava dando um monte de beijo em você! Hé-hé!


Depois disso eu parei de escutar. Não é como se meu dia pudesse ficar mais estranho que isso. A não ser por outra mulher que, pouco depois, teve convulsão na minha frente, na rua (e que eu parei pra ajudar, obviamente), e também pela maquiagem medonha de uma atendente de uma loja de cosméticos. Sério, era cabulosa.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

é isso, mesmo?

everything is so boring...

O senhor acredita que quanto mais cedo aceitarmos que estamos sozinhos no mundo, mais felizes seremos?

É uma afirmação séria, essa. O que você acha?

Não sei. Às vezes eu penso sobre isso. Mas é um sentimento um pouco desolador. Talvez porque faça algum sentido.

Como assim?

Desconsiderando aquele discurso de algumas pessoas que dizem que preferem acreditar no ser humano, que esperam contar com os outros e que, quando passadas para trás, culpam sua bondade por não ter visto como a pessoa realmente era e que, a meu ver, uma coisa não tem nada a ver com a outra, penso que, na verdade, você não precisa ser mal ou malicioso para ter bom senso ou discernimento. Você pode ser bom, mas não precisa ser ingênuo ou bobo. E acho que esse tipo de raciocínio se aplica a essa questão de contar ou não com os outros.

Você já se decepcionou com alguém nesse sentido?

Sim, claro. E provavelmente decepcionei alguém também... eu não acho que posso sempre contar com os outros, mas gosto quando eu posso. Sinto-me aliviada, como dividindo um fardo. Mas realmente eu não espero contar com os outros, gosto de deixar esse fato para uma exceção, pra isso me surpreender. Manter as expectativas baixas, pra não me decepcionar.

Não acha que você está pegando muito pesado?

É, pode ser. Também não quero soar como a pessoa mais solícita do mundo, sentada no alto, observando os egoístas. Só acho que muitos que dizem esse tipo de coisa, que criticam o ser humano, ou mesmo os políticos, dizendo que todos eles são corruptos, elas mesmas, em suas vidas diárias são, como posso dizer... estúpidas.

E você?

Por incrível que pareça, não sou perfeita. Mas tento ajudar quando posso. Na verdade eu gosto muito de fazer as coisas com alguma companhia. Mas já por saber que é difícil conciliar duas vidas, a fim de que façam alguma coisa juntas, eu acabo fazendo sozinha. Talvez o apoio mal acabado ou aquela coisa mal feita acabe me desanimando de procurar alguém para me ajudar com alguma coisa. Eu mesma ajo dessa forma algumas vezes. Digo que vou ajudar e acabo não fazendo. E geralmente por motivos banais. Mas procuro mudar isso. Ou apenas evito comprometer-me quando não estou a fim, mesmo... mas afinal, o senhor concorda que quanto mais cedo aceitarmos que estamos sozinhos no mundo, mais felizes seremos?

Bem, eu até gostaria de ir mais a fundo na questão, mas o nosso horário acabou.

É. Acho que isso já responde a minha pergunta.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

despedida simbólica

Quando eu era mais nova, minha mãe sempre dizia que "Filha, você ainda vai entrar na faculdade, vai conhecer tantas pessoas interessantes..."

E sempre que eu conheço pessoas notáveis, lembro-me dessa frase. Quando conheci você foi um desses momentos.

Claro que depois de nos identificarmos mutuamente, ficarmos queridos um do outro, você utilizou um artifício muito usado pelos homens: o de jogar a fumaça ninja e sumir do mapa.

Depois disso, quando eventualmente nos encontrávamos, você insistia em comentar sobre como eu estava sumida, o que nós dois sabíamos que não era verdade. A verdade era você insultando minha inteligência, mesmo.


Lembro bem o momento do sumiço - até imagino qual tenha sido o motivo (idiota, diga-se de passagem) para tal - e afirmo que, na verdade, nem me importo com isso.

Inclusive este bilhete não é uma tentativa de retomar contato com você. Essa sou eu saindo de cena de forma estranha e constrangedora, mesmo.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

terapia

May I?

- Como estamos essa semana?
- Ah... estou melhor, sim.
- Melhor quanto?
- Ah, não sei dizer... só sei dizer que estou melhor.
- Hm. E o que você quer tratar essa semana?
- Ah, não sei.
- Quem sabe?
- Não sei...
- Quem é a dona da sua vida?
- Eu.
- Então se você não sabe o que você quer, quem sabe?
- Ninguém, eu acho.
- Acha ou sabe?
- Sei.
- Se você não sabe, qualquer coisa...
- Qualquer coisa...?
- Serve.
- Hm, entendi...
- Quando eu te pergunto isso, sobre o que você quer tratar, o que vem à mente?
- Então, eu estava pensando sobre...
- Estava ou está?
- Estava, mesmo...
- Hm, prossiga...
- Então, pensava sobre as pessoas que...
- As pessoas ou eu?
- As pessoas, mesmo.
- Continue...
- Então, sobre as pessoas que repetem o comportamento dos outros só...
- E existe um problema nisso?
- Não sei, eu estava dizendo que...
- Se você não sabe...
- Sim, eu sei, se eu não sei, ninguém sabe, mas não é isso, Doutor, eu queria falar outra coisa.
- Queria ou quero?
- QUERO! SE O SENHOR DEIXAR EU TERMINAR PELO MENOS UMA MALDITA FRASE!

quinta-feira, 24 de março de 2011

ah, o colégio!


Já contei essa estória para algumas pessoas mas, para garantir que ela não se perca no tempo, contarei novamente, aqui, por escrito.

Era uma aula de geografia no meu segundo ano do ensino médio. Não que eu me lembre de todas as aulas que eu tive naquele ano, muito menos as de geografia que, apesar de constituir uma disciplina interessante, não tornava a aula atrativa. De qualquer forma, estávamos lá, na aula. Eu sentava no fundo, nessa época, mas não por escolha minha. A coordenação escolhia os assentos e mudava nossos lugares conforme necessário (eles me mudaram pra cadeira ao lado por conversar demais). Mesmo no fundão e conversando muito, eu era nerd e cdf. Pelo que me lembro, até gostava de estudar. Mas não chegava a ser uma weirdo ou coisa que o valha. Relacionava-me bem com a maioria da sala. Ou talvez não tão maioria, assim.

Tudo isso pra dizer que eu sentava no fundo e que, por isso, tive uma visão privilegiada do acontecimento que vou narrar a seguir.

Como já disse, aula de geografia e professor também de geografia, obviamente. Ele era um sujeito com cara de colono. Alto, magro, olhos azuis, meio careca e grisalho. Não me recordo muito bem. Ele era sossegado, não falava alto nem nada. Não é à toa que eu não me recorde das aulas dele. E se dessa aula eu me lembro não é por mérito dele.

A aula transcorria normalmente, não lembro o assunto, claro, mas girava em torno de petróleo, provavelmente. Nenhuma novidade até aí, afinal, todos os professores de geografia falam de petróleo.

Durante a aula, uma das alunas, na tentativa de ser participativa, teceu um comentário que continha uma informação do tipo "milhões (ou bilhões, não lembro) de dólares". E acho que tinha a ver com petróleo, também.

Antes que o professor pudesse comentar o comentário da colega, eis que um menino que sentava na mesma fileira que ela, o Chico, fala em voz bem audível que aquilo não passava de uma mentira! "É MENTIRA, BETINA!"

Todos fomos surpreendidos pela fala dele e, mais ainda pela reação dela. Betina não deixou por menos e retrucou, quando vimos, os dois estavam em pé gritando um com o outro. Chico não segurava o sorriso, afinal, ele era um fanfarrão (e babaca, também), e era evidente que estava, não sei por qual motivo, zoando a aula.

"Que mentira o quê, piá??!! É verdade, sim!!!"
"Nossa, guria, você tá mentindo, deixa de ser mentirosa!!"
"Mentirosa?? Eu vou provar pra você!!"
"Prova, então!"
"Eduarduô! Eduarduô! Me dá aqui a revista!"

Eduardo era um menino bem tímido, acho que nunca ouvi a voz dele. Era bem bonito, até. Tinha os olhos verdes e as bochechas rosadas. Garoto tímido cute, sabe? Mas, assim como dessa aula de geografia, se me lembro dele é por conta da discussão.

Enfim, Eduardo, meio assustado, abaixa e pega a revista que estava em sua mochila, enquanto a discussão continuava e entrega para Betina, que arranca de suas mãos.

Nisso ela começa a folhear a revista loucamente à procura do artigo que comprovasse seu comentário.

"Vou provar pra você!"
"Mostra, mostra então, eu quero ver!"
"Vou mostrar!! Tá aqui, ó!"
"Dá aqui que eu quero ver!"

Não contente, Chico rasga a página da revista e depois disso não me recordo muito bem o que aconteceu. Os ânimos se acalmaram rapidamente, cada um sentou no seu lugar e o professor que tinha ficado assistindo a cena com um sorriso no rosto, apenas disse algo do tipo "Tá bom, já deu, cada um pro seu lugar..." e continuou a aula como se nada tivesse acontecido.

Eu, que presenciei a cena, ainda tenho dificuldade em acreditar que isso realmente aconteceu. Não sei se eles combinaram e quiseram agitar a aula, se agiram por impulso, enfim. Só sei que aconteceu e rendeu-me grandes gargalhadas (que eu tive que abafar, já que estávamos em aula).

Esse foi um daqueles episódios que fazem a escola valer a pena. Afinal, todos sabemos que, se frequentamos escola desde pequenos, é pra fazer amigos e que, uma vez que passamos no vestibular, 90% do conteúdo que aprendemos ao longo da vida, é esquecido.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

watchamovie 3: the next three days



Fui ver esse filme com meu irmão e nosso amigo Jonfen, sábado à noite, num dos dois cinemas da cidade. Sim, aqui temos 2 cinemas e 90% dos filmes são dublados, 5% são nacionais e 5% legendados. Escolhemos, assim, o que possui as "melhores" (menos piores) salas e fomos. Pegamos fila e, quando entramos, a sala era minúscula e tivemos que sentar logo na 4a ou 5a fileira, não lembro. Não sentamos antes de limpar as pipocas que estavam nas poltronas. Muito nojento.Passou o trailer do filme O Turista, com a cabeça da Angelina Jolie e as bochechas do Johnny Depp fazendo par românticozZZZzzz. Tou super a fim de ver quando tiver pra baixar. O cinema é tão tosco que nem passa muito trailer. E eu adoro assistir trailers. Eles dão aquela sensação de que todos os filmes são bons, basta editar.Eu sou péssima para contar filmes, já percebi, mas vamos lá: Quando se trata de Russel Crowe, eu sempre crio uma expectativapor conta de Gladiador, Robin Hood, 3:10 to Yuma etc. Sim, ele é bom em dramas, até mesmo filmes mais light como Um Ano Bom, mas eu sempre quero ver o Russel passando todo mundo pra trás mas sem perder o carisma. Ou seja, eu gosto de torcer por ele nos filmes. Mesmo quando ele é o bandido.No filme em questão, ele é casado com Lara Brennan (Elizabeth Banks low profile) que, pelo que entendi, trabalha num consultório de dentistas. Eles têm um filho que né, meio lerdo. Mesmo assim a família é boa, John é um professor tranquilo, pai e marido amoroso. E tem um senso de humor do jeito que a gente gosta.Logo no começo o ritmo acelera quando a esposa vai presa acusada de assassinar sua chefe. Anos se passam e ela é considerada culpada e o bandido do Esqueceram de Mim 1 e 2, advogado deles, não consegue provar sua inocência e diz que dificilmente uma apelação vai resolver, afinal, o STF (como traduziram Suprema Corte) não pega casos assim, algo desse tipo.Nessa hora que o Russel Crowe começa a emprestar sua personalidade para o personagem (imagino o roteirista perguntando pra ele: "O que você faria?"). Ele começa a bolar um plano pra tirar sua esposa da cadeia. Além de pedir ajuda pro Liam Neeson, cujo personagem havia escapado da prisão 7 vezes, ele aprende muita coisa no Youtube. É bem interessante e levemente cômico. Legal também porque ele não é um Michael Scofield (gênio) e, mesmo assim, insiste no plano.O ápice do filme casa com a trilha sonora e tudo fica muito emocionante, principalmente nas cenas de perseguição. Pelo finaleu não esperava, não exatamente, o que deixa tudo ainda melhor. Até porque, final surpreendente hoje em dia, é difícil. Recomendo!Na saída do cinema, pudemos ouvir nossos passos, já que os sapatos grudavam nas melecas de refrigerantes derramados no chão.



watchamovie 2: Black Swan

Neste filme, Natalie Portman é uma bailarina dedicada (com os pés destruídos) que preza pela perfeição de seus movimentos, deixando de lado a espontaneidade e sensualidade que seu coreógrafo, interpretado por Vincent Cassel, tanto exige.

Ela tem 28 anos e mora com a mãe, que já foi também uma bailarina e deixou de ser quando engravidou da filha. A relação das duas é intensa e tensa, já que a mãe a cerca de todos os lados para que a filha alcance seus objetivos.

Até aí tudo bem, já vimos em centenas de filmes. O que nos prende é o transtorno vivido por ela, que sofre de problemas psicológicos, como obsessão, fantasias e personalidade dupla.

O filme é agoniante, diversas vezes me percebi tensa, angustiada, perturbada, batendo a cabeça na parede, chamando minha mãe etc.

Mas não poderíamos esperar coisa diferente do diretor Darren Aronofsky, que dirigiu Pi, Requiem for a Dream, The Fountain e The Wrestler. Vi todos estes e todos são extremamente desconfortáveis, com destaque para os dois primeiros. Daqueles que você chega a fechar o olho porque não aguenta assistir à cena.

E daí que essa pseudo-resenha ficou uma droga, talvez eu nem assistiria depois de ler um troço desse mas, sinceramente falando, é bom sim, eu recomendo. Mas não precisa chamar sua mãe ou seu pai pra assistir junto.

Easter Egg: Natalie Portman está grávida e noiva do piá que faz par com ela no filme. Se vocês repararem, ela está fazendo filmes loucamente, até comédia e comédia romântica, sem falar em Thor! Segundo meu irmão, ela está fazendo um pé de meia pra receber a criança. Como se precisasse...

Easter Egg 2: Mas que risadinha, hein, Portman? Reparem na cara do Steve Buscemi. Sensacional.

watchamovie 1: 4 meses, 3 semanas e 2 dias

No início do filme somos situados no ano de 1987, na Romênia. Neste período o país vivia o comunismo, o qual não é discutido na trama, ficando tácito no decorrer da história, ao mostrar os estudantes fazendo pequenos contrabandos de cigarro, desodorante, tic-tac de laranja (que eu fui conhecer depois dos anos 2000) etc., além da preocupação em estar sempre com os documentos, caso algum guarda pedisse.


Em todo caso, o foco não é a política do país, antes, o momento do comunismo é apenas o cenário de fundo para a história de duas estudantes, Otília e Gabriela, vividas por duas atrizes romênias (obviamente) e desconhecidas por mim (por nós, né). Gabriela está grávida e quer abortar, abusando da boa vontade de sua amiga Otília, que faz mais do que eu jamais faria por qualquer amiga minha. Acontece no filme uma discussão sobre a verdadeira duração da gravidez e o perigo em abortar depois do 4º mês, porque a pessoa que realizou o aborto responderia por homicídio e não aborto. Inclusive o "abortador" (qual o 'nome' de quem realiza o aborto na mulher?) deixa claro tratar-se de "chave de cadeia" o que eles estão fazendo.


Achei interessante que no filme não fica preciso o tempo de gravidez da menina a não ser para nós, espectadores, que o sabemos por conta do título.

watchamovie



Como alguns sabem, eu adoro filmes, seriados e minisséries. Até criei, ano passado, um blog só para isso e daí que eu postei duas vezes e só. Resolvi, então, trazer pra cá os posts de lá e deixar tudo por aqui, mesmo. Assim fica mais fácil de manter e, quando eu não tiver um texto, eu falo sobre um filme e derivados. Deixando claro que apenas dou minha opinião do filme, não quer dizer que ela será boa, construtiva ou até que você vá gostar do filme em questão.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

um punhado de balões e um colchão inflável



Então sua amiga vai completar anos e já está querendo ocultar a somatória de todos eles. Não que ela esteja ficando velha ou tenha perdido a cara de estagiária, mas sabe como é. Mulheres. Ela trabalha muito, chega tarde em casa, muito cansada. Não queria nada na data em que nasceu, então você tem a ideia de fazer algo numa relax, numa tranquila, numa boa, pra ela, na piscina do prédio.

Planeja uma tarde lá embaixo, com música, comidas, balões e colchões com almofadas, para a sessão de filminhos mais à noite. Compra tudo, ideias começam a surgir na sua cabeça, e você quer fazer tudo, desde o cachorro-quente até os docinhos, o bolo e claro-por-que-não, a Piña Colada que sua prima te ensinou e que agora todo mundo pede.

Então você se estressa, porque cada um tem uma opinião e como vai fazer tudo sozinha, fica tensa, para que tudo saia perfeito. No dia da festa você acorda não muito cedo, já que foi dormir um pouco tarde e já vai para a cozinha dar conta de tudo. Pede ajuda pro irmão, pro pai, pra mãe, pra Deus, e tudo fica pronto em cima da hora. Você tá feia, suada, e precisa descer os três andares várias vezes pra levar tudo. Mas tudo bem, 14h suas amigas chegam pra ajudar. 14h30min uma chega pra ajudar. O resto vem perto das 16h, mesmo.

Por fim, você toma banho, se arruma (ou se apronta ou se ajeita) e já desce com o molho de cachorro-quente, afinal, já são quase 17h. Então todas sentam, todas comem, conversam, conversam, conversam, conversam, comem e a coisa vai fluindo. Ninguém entra na piscina porque você, anfitriã, com problemas técnicos, não pode. Umas nem iam entrar, mesmo, porque não gostam (?), ou não podem com cloro ou, ainda, mesmo avisadas, não levaram roupa de banho porque alguma coisa aconteceu who cares?

Em todo caso, nem tudo saiu como planejado, mas nem por isso foi ruim. Rever as amigas, colocar a conversa em dia, reclamar dos homens, das expectativas alheias, falar da convivência em família, enfim, de tudo. Mais tarde vimos um filme, que nem vou dizer qual é, mas que é muito divertido pra essas ocasiões. Então sugiro outro e, quando acabou, eram 2h da manhã. Se eu morasse em casa, teria dormido por ali, mesmo, sem medo de ser feliz. Mas, apesar do horário, tínhamos que subir com tudo pro apartamento (e aqui não tem elevador). Inclusive a TV. Você quase morre para subir três andares com ela, mas é amparada no último lance pela aniversariante.

Depois de quase tudo em ordem, elas vão embora, algumas levam uns balões (já que estava tarde demais para estourá-los) e restou apenas um colchão inflável de casal e dois cachos de balões. Então você abraça o colchão, já com os balões na mão e a bolsa fazendo peso no braço direito. Sobe de maneira desengonçada todos os andares, pensando em quão ridícula é aquela cena e, finalmente, chega em casa, exausta. Toma banho, vai pro quarto, senta na cama e pensa: "Meu Deus, eu só queria um namorado!"

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

de como eu vou estar me contentando...


Ele escreve bem, lê bons livros, é atencioso, a conversa rende por horas, tem bom gosto musical, é engraçado, companheiro e bonito. Ou não. Pode até ser feio, ou muito feio. Isso não importa, sabe por quê? Porque ele tem namorada e/ou mora longe ou não se interessa por você, ou gosta de meninas mais novas, ou te vê como melhor amiga dele, tem objetivos diferentes ou coisa que o valha.

Aí aprendemos que nem sempre os mais interessantes vão se mostrar interessados. E aí entram os mais ou menos. Aqueles que têm um e-mail no yahoo, no hotmail, que escrevem "naum", que dão risada com "kkkkkkkk" ou "rsrsrsrsrsrsrs", que gostam de M. Shyamalan, Augusto Cury, seguem o Luciano Huck no twitter, ou nem têm twitter, só ajudam com a louça de você pedir (mandar), você tá mal e ele diz "Ow, tenho que ir agora, bjus!" e por aí vai.

Mas se é tão mais pra menos que pra mais, por que eles? Porque, de alguma forma, com o tempo, eles vão entender que gmail é melhor, que google chrome é mais rápido, que os filmes que você gosta também são assistíveis, que legendado é bem melhor, que auto-ajuda é repetitivo e que lavar uma louça não mata ninguém.

E eu também não vou me importar em ouvir sertanejo na viagem, afinal, ele tem um coração bom, ele é divertido (tanto quanto o Michael Scott), ele compra algo simplesmente porque se lembrou de mim e de como eu gosto daquilo, ele vai me dar flores porque não vai lembrar da conversa em que eu disse que não gosto de receber flores porque ela morrem, mas ele vai dar flores e bombons e não vai guardar minhas cartas em um lugar especial porque ele não terá um. Provavelmente estarão jogadas na gaveta de cuecas dele.

Então vocês podem pensar que estou sendo contraditória e que, na verdade, é melhor estar sozinha do que mal acompanhada. E é verdade. Unless they're hot.



quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

nada, não

Como comentei no post anterior, estou fazendo natação. Eu sempre gostei de nadar, desde pequena.

Comecei a nadar com 8 anos, assim, na escola de natação, já que eu nadava no prédio por conta própria e era dedurada pelos meus irmãos "A Ana nadou no fundo hoje, mãe!". Hoje o fundo deve bater na altura do meu peito. Exageros à parte, aprendi a nadar meio que sozinha, no estilo cachorrinho. Era muito boa, não tão boa quanto meu irmão que me ensinou. Depois logo me dei conta que era estilo de cachorro e não muito eficiente, cansa muito.

Tive que sair porque morava numa cidade onde ventava muito (Cascavel-PR) e não raro (aff) eu tinha infecção no ouvido e bronquite, pneumonia, essas coisas. Relação: saía de cabelo molhado ou úmido, pegava vento e ficava doente.

Em Londrina, a Springfield do Paraná, cidade um pouco mais quente, voltei a nadar. Isso com uns 12 anos. Não recordo por quanto tempo nadei, só lembro que eu não gostava de nadar rápido, apenas bastante, enquanto as gurias se matavam pra nadar mais rápido que as outras, fazendo competições entre elas etc.

Em 2005 nadei novamente. Dessa vez na academia Gustavo Borges, em Curitiba, ótima academia, por sinal. Também, com aquele valor de mensalidade, tinha que ser. Nadava o dobro do tempo programado, fiquei amiga do treinador, pra quem eu até gravei um CD com músicas pra ele usar nas aulas. No meu último dia de aula ele disse: "Não pára de nadar, hein! E quando vier passear em Curitiba, vem nadar com a gente!"

Parei de nadar e nunca voltei pra Curitiba desde então.

Ontem eu voltei às aulinhas de natação. O lugar é bem simples. Acho que era a casa do cara e ele montou uma escolinha da natação. Pra ter noção a piscina tem 16m de comprimento, nem é proporcional à olímpica. Também não tem a marca escura no fundo para dizer quando estamos chegando na parede.

Em todo caso, lá tem qualidades imbatíveis: preço e localização. É bem perto de casa e o plano semestral (pacto de sangue) deixa a mensalidade bem em conta. E também, vamos ser sem frescura, é uma piscina, tem raias e a água não é verde.

Primeiro dia eu fiquei meio apreensiva, fazia tempo que não nadava e sempre dá aquela vergoinha de ficar de maiô e touca na frente dos outros. Touca, sim. Maiô com cabelos soltos ao vento é uma coisa. Coloca a touca e fique ridícula. Até as senhoras na hidro ficam mais simpáticas. Eu, com essas bochechas, fico puro bolacha trakinas. E quando termina o treino e eu tiro os óculos é mais feio, ainda.



Nessas horas a gente aguenta, pensa no resultado. É como colocar aparelho. Você fica feio por um tempo, uns anos, mas depois fica com aquele sorriso lindo (e sorriso é 80% da beleza facial, pra mim).

Chato da natação é ter que usar aquelas pranchinhas ou, como hoje meu professor mandou, fazer perna de borboleta com braçada de crawl e depois com braçada de peito. É pra coordenação motora, evidentemente, mas tem que pensar duas vezes a cada movimento, não dá pra nadar automaticamente.

No final do treino ele disse que daqui a pouco vamos nadar contra o relógio, pra aumentar a capacidade de alguma coisa do corpo e queima de gordura. Ele disse que, pelo que ele viu hoje, eu vou dar conta. Tá, tudo muito bom, muito bonito, só não me faça depois ir para as Olimpíadas...


então você quer ter um blog?

Cria um documento no word, escreve alguma coisa lá que a vontade passa. Assim como Ryan fez com o Creed no The Office. Claro que nesse caso foi mais engraçado porque ele nem se deu conta.

Mas sério, eu não me importo em ficar séculos sem postar algo mas, assim como camas sem colchão, blog desatualizado é algo muito melancólico. Pelo menos pra mim. Pra não dizer que eu não escrevo, tenho uns sete textos em rascunho aqui. Mas não sei, acho que eles soam melhor na minha cabeça.

Por exemplo, quando vou deitar, eu escrevo cartas, textos, tweets, comentários, atualizações de status, profile e coisa que o valha, mas tudo mentalmente. Daí que pra levantar e escrever tudo isso parece bobagem ou eu realmente estou com muito sono e acabo deixando pra lá. No dia seguinte, já foi, passou o momento, esqueci tudo.

Sem contar que muito do que eu acho interessante ou relevante pode não interessar a ninguém, e geralmente não vai, mesmo. Dessa forma, reduzo meu blog ao "Querido Diário" (e sempre a música de entrada do Doug Funny segue esse pensamento).

Daí que eu escrevo e depois leio e fico mudando tudo, tirando as expressões clichês que infelizmente eu usei e tentando deixar mais interessante e com aquele humor inteligente que sempre buscamos nos garotos e que, decerto porque as mulheres invadiram o mercado de trabalho, também procuramos reproduzir.

Antes de fazer um comentário eu penso várias vezes, mas às vezes acaba saindo um "Ai que liiiiiindo, amigaaaaaa!", mesmo. Menos mal pra mim, que sou mulher, né. Pelo menos ainda é aceitável esse tipo de comentário na falta de um mais elaborado!

Enquanto eu nadava hoje, olhando aquelas bandeirinhas no teto - que servem pra você não se perder quando está nadando de costas e não bater a cabeça na parede da piscina - fiquei pensando que, na verdade, nem precisava me preocupar tanto com isso. Quem não tem um amigo cuja namorada nem conhece "esses trem de tuíte, facebúque, naum entendo nada rsrsrs kkkkkkk" e tá tudo bem. Ele gosta dela mesmo assim, até acha bom que ela não entenda disso, porque a vida é mais do que internet, vamos lá fora correr no campo de cimento.

Nisso eu penso, considero e posso até ter uma opinião sobre tudo. Mas, como diria meu irmão (o mais velho): "Se eu não estivesse lá, eu nem ouviria aquilo" e nem precisaria falar algo sobre. E estaria tudo bem, não é mesmo? (É, eu parei o quote pela metade, não lembro as palavras exatas dele).

Mas isso aqui nem é uma despedida, nem retomada, nem recomeço e talvez nem seja a expressão exata de meus sentimentos. Muito menos um desabafo, até porque, se tem uma coisa que eu detesto (como já diria Holden Caulfield), é esta palavra.

Vou continuar com o blog, twiter, facebook, msn, comentários e tudo o mais, porque é da minha natureza. Pelo menos por enquanto.