sábado, 20 de setembro de 2008

e o estágio, vai bem?

Hoje, como todo mundo sabe, é sábado. Meu irmão estava estudando violão, minha mãe limpando o quarto dele, meu pai arrumando todos os ventiladores da casa quando, então, eu acordei. Eu sou muito sonolenta. Mas não estou aqui para falar de mim. Ou melhor, estou, mas não daquilo que eu considero defeito, claro.

Só pelo fato de o dia estar fresco e nublado já torna o sábado muito bom. No geral eu não gosto muito de fins de semana. Principalmente os sábados, quando tenho aula de inglês. Não sei porque me aborrece tanto. As aulas são boas, eu gosto muito. Mas eu preferia que fosse em algum dia durante a semana. Assim eu ficaria mais livre para não fazer nada durante esses dois dias.

O que também me irrita é que todo mundo tem um mundo de programação durante o fim de semana. Eu nunca tenho algo pra fazer. E se tenho, tenho preguiça. Mas não quero falar sobre isso.

Essa semana foi. Na terça eu tive minha segunda entrevista de estágio. É, estágio, porque, até agora, nunca trabalhei pra valer. No sentido de carteira assinada ou que não receba o título de estágio. Porque estagiário trabalha, sim, pra valer. Muitos são conhecidos por escraviários, inclusive. Trabalham horrores e ganham super mal. Simplesmente porque são estagiários. Estagiário não é gente, em alguns lugares.

Mas enfim, a entrevista. Puxa, como eu estava nervosa. Não era assim aquela coisa que se diga “nossa, que nervoso”, mas fiquei mais nervosa do que pensei que fosse ficar. Na ida para faculdade (porque o estágio é lá mesmo) eu fui aproveitando o trajeto, já que a temperatura estava agradável e eu, particularmente, adoro ficar na janela, com o vento batendo no meu rosto. Claro que, nesse meio tempo, um senhor puxou assunto comigo, mesmo eu usando meus óculos espelhados que não permitem que as pessoas vejam para onde eu estou olhando. Na entrada na universidade tinha um pé de ipê roxo (se não me engano) e eu estava pensando nisso quando o senhor vira pra mim e faz um comentário sobre as pessoas que ficam com bandeiras de políticos pela cidade, fazendo propaganda. Ao que eu respondi, obviamente, com um sorriso.

Fui a primeira a chegar para a entrevista. Conhecia as duas pessoas que me entrevistaram, apesar de que, uma delas, vamos chamá-la de Dr. Maveryck, eu apenas conhecia de vista.

Eles fizeram a entrevista baseados em uma prova que eu havia feito previamente. Então o Dr. Maveryck começou:

“Bom, Ana... o que me chamou atenção aqui na sua prova foi que você disse não saber muito bem o que esperar aqui do escritório, mesmo porque, como você mesma disse, não há uma comunicação entre os alunos e o escritório, é meio desligado... Mas, mesmo assim, antes de esclarecermos isto pra você... O que você espera deste emprego?”

“Mas se eu disse que não sei exatamente do que se trata, como ele insiste nesta pergunta?!” pensei. Ao que respondi, com mais do que apenas um sorriso, com um breve histórico de quando eu ouvi falar sobre o escritório pela primeira vez e quando eu conheci a Dra. ali presente.

Ao que me pareceu, ficaram satisfeitos com a resposta. Depois de outras perguntas, a Dra., vamos chamá-la de Michelle, fez a seguinte pergunta:

“Com o que você acha que pode colaborar no trabalho?”

Esqueci de estudar essa parte! Qual parte do “eu não sei exatamente o que acontece por aqui mas me interesso pela área envolvida” eles não entenderam?

“Deixa eu pensar...” Não acredito que eu falei isso, mas eu não sabia o que dizer. E ainda falei errado! Mas talvez tenha sido bom, pois, depois disto, ela clareou um pouco mais a pergunta e eu pude ser feliz na minha resposta.

Bom, foi mais rápido do que eu pensava e, no geral, pensei que me saí bem. Mas enfim, voltei, ansiosa, para casa, aguardando o resultado.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

a day in the life

Hoje foi um dia... como outro qualquer. Creio que nada de significante aconteceu, pelo menos no que tange a “minha pessoa” (não agüento essa expressão).

Mas há, talvez, duas pequenas coisas, aqui, que mereçam nota.

A primeira se deu logo de manhã, quando não precisei ir trabalhar. Acordei num horário razoável, não tão cedo e nem tão tarde. Manhãs assim são ótimas para ir à academia, quando você tem que freqüentar uma. Para melhorar, hoje o clima estava agradável, então aproveitei para realizar uma boa caminhada... na esteira.

Muita coisa não me agrada numa academia. A primeira coisa é o fato de eu ter que freqüentá-la, o que, no meu caso (e digo meu caso porque, ao me deparar com várias pessoas na academia, não consigo entender o motivo que as levou até lá), significa que meu corpo não está lá grande coisa.

Outra coisa são as pessoas. E isso me inclui. Na verdade, não exatamente as pessoas, pois elas estão lá, pelo que eu entendo, pelo mesmo motivo que eu: se exercitar, sejam quais forem os diferentes fins a serem atingidos. O que na verdade é estranho são os rostos das pessoas. Os meninos são os piores, por crisparem tanto o rosto ao fazer muita força. É bizarro. As mulheres se contentam em desfilar com mini-shorts e tudo o mais. Os homens, com certeza, gostam. Mas, no geral, todos colocam um rosto absorto e distante. Não sei explicar, é estranho.

Mas enfim, pra fugir um pouco disso e ser mais indiferente e menos crítica a tudo, resolvi levar um livro para ler durante a caminhada.

Procurei na minha estante de livros, e não são poucos. Além de interessante, deveria ser prático e com a letra de bom tamanho, para tornar possível a leitura. Pensei em ler Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago, mas senti que seria muito modinha, já que o filme feito a partir do livro está em cartaz nos cinemas. Vi mais uns e outros e então optei pela versão original, em inglês, de um clássico estado-unidense, de J.D. Salinger, The Catcher in the Rye (O Apanhador no Campo de Centeio). Boa escolha, pensei. Exercitaria, inclusive, o meu inglês.

Chegando lá, tudo pronto. Com meus óculos de grau, estava puro nerd. Ou intelectual, quem sabe. Consegui ler tranquilamente, até que começou a tocar uma “música” de axé. Está aí mais uma coisa que me incomoda: a falta de variedade e o mau gosto das músicas. Já sabia o repertório completo em menos de um mês. Inclusive esta música já tocou muitas vezes, mas eu nunca consegui entender muito bem o que dizia além da primeira frase: “E eu conheci uma menina na internet...” O que sucedia a esta frase era uma seqüência de frases muito grandes para caberem nos versos e, por isso, o “cantor” falava tudo muito rápido.

Hoje prestei mais atenção do que de costume. Entendi que o indivíduo havia conhecido uma garota na internet e que ela era muito feia. Chegando em casa, fui procurar, afinal, o que a droga dessa música falava.

Ela foi feita justamente porque o cantor conheceu, de fato, uma menina pela internet, no caso, Orkut e ela afirmou que era bonita. Qual não foi a surpresa dele, ela era uma broaca. E, sendo assim, não ouso transcrever mais do que o refrão:

“Vaza, canhão! Vaza, canhão! Vaza, canhão! Vaza, canhão! Vaza, canhão!”

Foi o suficiente pra eu comentar com meia dúzia de pessoas (e peço perdão por dividir algo tão tosco com vocês) sobre a trilha sonora grotesca da bendita academia.

Musicalidades à parte, narro agora o outro fato que ocorreu comigo e que se deu no caminho para da faculdade, quando sentei ao lado de uma moça no ônibus. Depois de bater os olhos no cartão de transporte dela, fiquei pensando o quão fácil é saber o nome de um estranho e fiquei feliz por ninguém ali saber o meu. E vocês sabem como é, um pensamento chama outro e lembrei-me da vontade que eu tenho, vontade esta também compartilhada por outros, de sumir do país por uns três, quatro meses, num lugar distante, onde não tenha essa obviedade de todos me conhecerem e saberem meu nome.

Ainda pensando nisso e observando a lua, que estava tão linda e grande, a menina do lado me perguntou se eu tinha horas. Sem responder, abri a bolsa e mostrei o celular. Ela deve ter achado estranho, mas enfim, não disse nada. Continuei quieta e imaginando o que ela teria pensado de mim. Se eu fosse ela, provavelmente pensaria: “Guria bizarra”. Mas enfim, continuei observando a lua e a agir como se eu fosse de outro lugar e tudo fosse novidade. Então, novamente ela falou: “Você sabe o ponto que desce na biblioteca da universidade?” Então eu me virei para ela e disse, baixo: “Oi?”, o que a fez repetir a pergunta. Claro que eu tinha ouvido da primeira vez, afinal, só havia silêncio no ônibus e ela estava do meu lado. A razão de eu ter feito isso ainda me é desconhecida. Creio que foi influência do livro que eu li pela manhã, onde o protagonista admite ser um tremendo mentiroso, que mente por qualquer coisa. Não que eu quisesse mentir, mas não queria que ela achasse que seria fácil travar uma conversa comigo. Fazê-la repetir me deu tempo para pensar se eu deveria falar com sotaque ou me fingir meio de surda. Decidi apenas que seria ou muito anti-social ou extremamente tímida, ao que eu apenas respondi balançando a cabeça afirmativamente.

Como já disse, não sei por que fiz isso, apenas o fiz. Talvez pra mudar a rotina ou para negar o fato de que eu sou falante e consigo conversar com qualquer pessoa, por mais que eu não queira. Isso sempre me acontece. Muitos já me disseram que eu tenho uma cara muito séria, de poucos amigos. Por isto eu culpo meu sorriso negativo, que me deixa com o rosto um tanto quanto sisudo. Mas mesmo assim, as pessoas insistem em conversar comigo. Não raro nos ônibus eu sou escolhida para ouvir comentários sobre o calor, correria, acidente e toda essas coisas. Geralmente eu respondo concordando (não acho aconselhável contrariar estranhos) e sorrindo e até me despeço após o pequeno bate-papo.

Enfim, estes foram os dois pequenos acontecimentos que ocorreram no meu dia e que, por algum motivo, me inspiraram a escrever tamanho texto!